quinta-feira, 10 de setembro de 2015

MICHELANGELO ANTONIONI


MICHELANGELO ANTONIONI (1912-2007)

Michelangelo Antonioni nasceu em Ferrara, a 29 de Setembro de 1912. Filho de Elisabetta e Carlo Antonioni, uma família da média burguesia. Estuda Economia em Bologna e regressa depois a Ferrara, ingressando no jornalismo. Tempos depois, em Roma, inscreve-se no Centro Experimental de Cinema, colaborando, simultaneamente, em diversas publicações, nomeadamente na revista “Cinema”. Em 1942 inicia o seu trabalho no cinema, como assistente de Enrico Fulchignoni ("I Due Foscari") e também de Marcel Carné, em "Os Trovadores Malditos" ("Les Visiteurs du Soir"). A partir dessa altura dedica-se abertamente ao cinema, escrevendo diversos argumentos para películas dirigidas por outros, ao mesmo tempo que começa a realizar as suas primeiras obras, ainda no domínio da curta-metragem. Como argumentista colaborou em "Il Due Foscari", de Enrico Fuíchignoni (1942), "Um Pilota Ritorna", de Roberto Rossellini, "Caccia Trágica", de Guiseppe de Santis (1947) e "O Sheik Branco" (Lo Sceicco Bianco), de Frederico Fellini (1952).
Como realizador de curtas-metragens assinou "Gente del Po" (1943-1947); "Netteza Urbana" (1948), "L'Amorosa Menzogna" (1949), "Superstizione" (1949), "La Funicia dei Faloria" (1949), "Sete Canne, Un Vestito" (1949), "La Villa dei Mostri" (1950) e "Uomini ín Piu" (1955).
Entretanto, em 1950, dirige o seu primeiro filme de fundo; "Escândalo de Amor" (Cronaca di un Amore), a que se seguem, nesta fase inicial, dominada por um certo ambiente neo-realista, "os Vencidos” (I Vinti, 1952), "A Dama sem Camélias" (La Signora senza Camelie, 1953), "Tentado Suicídio", episódio do filme em "sketches" "Retalhos da Vida" (L'Amore in Cittá, (1953), "As Amigas” (Le Amiche, 1955) e "O Grito" (II Grido) que culminará, de forma brilhante, este período.
“L'Avventura” (1960) foi o seu primeiro grande sucesso, e igualmente o que maior escândalo provocou a quando da sua estreia no festival de Cannes, onde foi apupado e maltratado, alcançando, todavia, no final o Prémio do Júri. “A Aventura” iniciava um ciclo prolongado depois por “La Notte” (1961) e “L'Eclisse” (1962), que reflecte sobre o tema da alienação e estabelece uma original ligação entre personagens e paisagem urbana. Com “Il Deserto Rosso” (1964) mantem o seu tema obsessivo, mas agora utilizando a cor como elemento dramático decisivo. Monica Vitti que aparece em três destes quatro filmes, torna-se na sua musa inspiradora e sua companheira na vida real. Trata-se de um ciclo “Monica Vitti” na obra de Antonioni, tanto mais que ambos são companheiros na vida real.
Seguidamente, Antonioni envereda por uma carreira internacional, pesquizando a realidade em diversos pontos do globo: “Blowup” (1966), rodado em Inglaterra, é um grande sucesso de público e crítica, nomeadamente por algumas cenas arrojadas de nudez e sexo. É considerado um dos primeiros filmes pop, pela forma como aborda diferentes universos, como a moda, a publicidade, a fotografia, etc. “Zabriskie Point” (1970), ambientado nos Estados Unidos, fala-nos da contra-cultura e de movimentos alternativos, com uma banda sonora onde surgem Pink Floyd, Grateful Dead e os Rolling Stones. A seguir viaja até à China para em 1972 filmar “Chung Kuo” que posteriormente seria recusado pelas autoridades chinesas. “The Passenger” (1975), com Jack Nicholson e Maria Schneider, viajava por Africa e terminava em Barcelona. De 1980     é “Il Mistero di Oberwald”, segundo Cocteau, assinala o seu interesse pelas novas técnicas digitais, sendo rodado directamente em vídeo, de novo com Monica Vitti. “Identificazione di una Donna” (1982) mantém algumas das suas obsessões temáticas e o seu fascínio pela mulher.
Em 1985, um acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar. No entanto, ajudado por Wim Wenders, seu admirador e amigo, realiza “Al di là delle Nuvole” em 1995. Nesse mesmo ano, é-lhe atribuído um Oscar pelo conjunto da sua obra. A sua derradeira contribuição para o cinema foi um episódio em “Eros” (2004), realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven Soderbergh.
Michelangelo Antonioni morre a 30 de Julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que na Suécia morre Ingmar Bergman. Encontra-se sepultado no Cimitero della Certosa, em Ferrara, sua terra natal.


Filmografia:
Curtas-metragens:
1943: Gente del Po
1948: Nettezza urbana            
1948: Oltre L'oblio                  
1948: Roma-Montevideo                      
1949: L'Amorosa menzogna                 
1949: Sette cani e un vestito               
1949: Bomarzo            
1949: Ragazze in bianco                     
1949: Superstizione                
1950: La villa dei mostri                     
1950: La Funivia del Faloria    

Longas-metragens       
1950: Cronaca di un amore (Escândalo de Amor)
1952: I Vinti (Os Vencidos)
1953: La Signora senza Camelie (A Dama Sem Camélias)
1953: Tentato Suicido (episódio de Amore in Citta)
1955: Le Amiche (As Amigas)
1957: Il Grido (O Grito)
1960: L'Avventura (A Aventura)
1961: La Notte (A Noite)
1962: L'Eclisse (O Eclipse)
1964: Il Deserto Rosso (Deserto Vermelho)
1965: Prefazione - episode in I Tre Volti (As três faces de uma mulher)
1966: Blowup (História de um Fotógrafo)
1970: Zabriskie Point (Zabriskie Point)
1972: Chung Kuo                     
1975: Professione: Reporter (Profissão: Repórter)
1980: Il Mistero di Oberwald (O Mistério de Oberwald)
1982: Identificazione di una Donna (Identificação de uma Mulher)
1992: Volcanoes and Carnival              
1995: Al di là delle Nuvole (Além das Nuvens) (co-dirigido por Wim Wenders)            
2004: Eros (Eros) (episódio de Il filo pericoloso delle cose)
2004: Lo Sguardo di Michelangelo       


Prémios e nomeações:
Nomeação ao Óscar de Melhor Realizador, por "Blow Up" (1966).
Nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Original, por "Blow Up" (1966).
Óscar Honorário, em 1995, em reconhecimento da sua carreira no cinema.
Nomeação ao BAFTA de Melhor Filme, por "L'Avventura" (1960).
Nomeação ao BAFTA de Melhor Filme Britânico, por "Blow Up" (1966).
Prémio especial em 1993 no European Film Awards, em reconhecimento da sua carreira no cinema.
Prémio Bodil de Melhor Filme Europeu, por "Profissão: Repórter" (1975).
Palma de Ouro no Festival de Cannes, por "Blow Up" (1966).
Duas vezes Prémio do Júri no Festival de Cannes, por "L'Avventura" (1960) e "L'Eclisse" (1962).
Prémio do 35º Aniversário no Festival de Cannes, por "Identificazione di una donna" (1982).
Urso de Ouro no Festival de Berlim, por "La Notte" (1961).
Prémio FIPRESCI em 1961, no Festival de Berlim, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
Leão de Ouro no Festival de Veneza, por "Il Deserto Rosso" (1964).
Leão de Prata no Festival de Veneza, por "As Amigas" (1955).
Duas vezes Prémio FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Il Deserto Rosso" (1964) e "Par Dela Les Nuages" (1995).
Leão de Ouro honorário no Festival de Veneza, em 1983.
Grand Prix Especial das Américas, no Festival de Montreal, em 1995.

Prémio FIPRESCI de Curta-Metragem no Festival de Valladolid, por "Lo Sguardo di Michelangelo" (2004).

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