MICHELANGELO
ANTONIONI (1912-2007)
Michelangelo
Antonioni nasceu em Ferrara, a 29 de Setembro de 1912. Filho de Elisabetta e
Carlo Antonioni, uma família da média burguesia. Estuda Economia em Bologna e
regressa depois a Ferrara, ingressando no jornalismo. Tempos depois, em Roma,
inscreve-se no Centro Experimental de Cinema, colaborando, simultaneamente, em
diversas publicações, nomeadamente na revista “Cinema”. Em 1942 inicia o seu
trabalho no cinema, como assistente de Enrico Fulchignoni ("I Due
Foscari") e também de Marcel Carné, em "Os Trovadores Malditos"
("Les Visiteurs du Soir"). A partir dessa altura dedica-se
abertamente ao cinema, escrevendo diversos argumentos para películas dirigidas
por outros, ao mesmo tempo que começa a realizar as suas primeiras obras, ainda
no domínio da curta-metragem. Como argumentista colaborou em "Il Due
Foscari", de Enrico Fuíchignoni (1942), "Um Pilota Ritorna", de
Roberto Rossellini, "Caccia Trágica", de Guiseppe de Santis (1947) e
"O Sheik Branco" (Lo Sceicco Bianco), de Frederico Fellini (1952).
Como realizador
de curtas-metragens assinou "Gente del Po" (1943-1947); "Netteza
Urbana" (1948), "L'Amorosa Menzogna" (1949),
"Superstizione" (1949), "La Funicia dei Faloria" (1949),
"Sete Canne, Un Vestito" (1949), "La Villa dei Mostri"
(1950) e "Uomini ín Piu" (1955).
Entretanto, em
1950, dirige o seu primeiro filme de fundo; "Escândalo de Amor"
(Cronaca di un Amore), a que se seguem, nesta fase inicial, dominada por um
certo ambiente neo-realista, "os Vencidos” (I Vinti, 1952), "A Dama
sem Camélias" (La Signora senza Camelie, 1953), "Tentado
Suicídio", episódio do filme em "sketches" "Retalhos da
Vida" (L'Amore in Cittá, (1953), "As Amigas” (Le Amiche, 1955) e
"O Grito" (II Grido) que culminará, de forma brilhante, este período.
“L'Avventura”
(1960) foi o seu primeiro grande sucesso, e igualmente o que maior escândalo
provocou a quando da sua estreia no festival de Cannes, onde foi apupado e maltratado,
alcançando, todavia, no final o Prémio do Júri. “A
Aventura” iniciava um ciclo prolongado depois por “La Notte” (1961) e
“L'Eclisse” (1962), que reflecte sobre o tema da alienação e estabelece uma
original ligação entre personagens e paisagem urbana. Com “Il Deserto Rosso”
(1964) mantem o seu tema obsessivo, mas agora utilizando a cor como elemento
dramático decisivo. Monica Vitti que aparece em três destes quatro filmes,
torna-se na sua musa inspiradora e sua companheira na vida real. Trata-se de um
ciclo “Monica Vitti” na obra de Antonioni, tanto mais que ambos são
companheiros na vida real.
Seguidamente,
Antonioni envereda por uma carreira internacional, pesquizando a realidade em
diversos pontos do globo: “Blowup” (1966), rodado em Inglaterra, é um grande
sucesso de público e crítica, nomeadamente por algumas cenas arrojadas de nudez
e sexo. É considerado um dos primeiros filmes pop, pela forma como aborda
diferentes universos, como a moda, a publicidade, a fotografia, etc. “Zabriskie
Point” (1970), ambientado nos Estados Unidos, fala-nos da contra-cultura e de
movimentos alternativos, com uma banda sonora onde surgem Pink Floyd, Grateful
Dead e os Rolling Stones. A seguir viaja até à China para em 1972 filmar “Chung
Kuo” que posteriormente seria recusado pelas autoridades chinesas. “The
Passenger” (1975), com Jack Nicholson e Maria Schneider, viajava por Africa e
terminava em Barcelona. De 1980 é “Il
Mistero di Oberwald”, segundo Cocteau, assinala o seu interesse pelas novas
técnicas digitais, sendo rodado directamente em vídeo, de novo com Monica
Vitti. “Identificazione di una Donna” (1982) mantém algumas das suas obsessões
temáticas e o seu fascínio pela mulher.
Em 1985, um
acidente vascular-cerebral deixou-o parcialmente paralítico e quase impossibilitado
de falar. No entanto, ajudado por Wim Wenders, seu admirador e amigo, realiza
“Al di là delle Nuvole” em 1995. Nesse mesmo ano, é-lhe atribuído um Oscar pelo
conjunto da sua obra. A sua derradeira contribuição para o cinema foi um
episódio em “Eros” (2004), realizado juntamente com Wong Kar-Wai e Steven
Soderbergh.
Michelangelo Antonioni
morre a 30 de Julho de 2007, aos 94 anos, no mesmo dia em que na Suécia morre Ingmar
Bergman. Encontra-se sepultado no Cimitero della Certosa, em Ferrara, sua terra
natal.
Filmografia:
Curtas-metragens:
1943: Gente del
Po
1948: Nettezza
urbana
1948: Oltre
L'oblio
1948: Roma-Montevideo
1949: L'Amorosa
menzogna
1949: Sette cani e un vestito
1949: Bomarzo
1949: Ragazze in
bianco
1949: Superstizione
1950: La villa
dei mostri
1950: La Funivia
del Faloria
Longas-metragens
1950: Cronaca di
un amore (Escândalo de Amor)
1952: I Vinti (Os
Vencidos)
1953: La Signora
senza Camelie (A Dama Sem Camélias)
1953: Tentato
Suicido (episódio de Amore in Citta)
1955: Le Amiche
(As Amigas)
1957: Il Grido (O
Grito)
1960: L'Avventura
(A Aventura)
1961: La Notte (A
Noite)
1962: L'Eclisse
(O Eclipse)
1964: Il Deserto
Rosso (Deserto Vermelho)
1965: Prefazione
- episode in I Tre Volti (As três faces de uma mulher)
1966: Blowup (História
de um Fotógrafo)
1970: Zabriskie Point (Zabriskie Point)
1972: Chung Kuo
1975: Professione:
Reporter (Profissão: Repórter)
1980: Il Mistero
di Oberwald (O Mistério de Oberwald)
1982:
Identificazione di una Donna (Identificação de uma Mulher)
1992: Volcanoes
and Carnival
1995: Al di là
delle Nuvole (Além das Nuvens) (co-dirigido por Wim Wenders)
2004: Eros (Eros)
(episódio de Il filo pericoloso delle cose)
2004: Lo Sguardo
di Michelangelo
Prémios e
nomeações:
Nomeação ao Óscar
de Melhor Realizador, por "Blow Up" (1966).
Nomeação ao
Óscar de Melhor Argumento Original, por "Blow Up" (1966).
Óscar Honorário,
em 1995, em reconhecimento da sua carreira no cinema.
Nomeação ao
BAFTA de Melhor Filme, por "L'Avventura" (1960).
Nomeação ao
BAFTA de Melhor Filme Britânico, por "Blow Up" (1966).
Prémio especial
em 1993 no European Film Awards, em reconhecimento da sua carreira no cinema.
Prémio Bodil de
Melhor Filme Europeu, por "Profissão: Repórter" (1975).
Palma de Ouro no
Festival de Cannes, por "Blow Up" (1966).
Duas vezes
Prémio do Júri no Festival de Cannes, por "L'Avventura" (1960) e
"L'Eclisse" (1962).
Prémio do 35º
Aniversário no Festival de Cannes, por "Identificazione di una donna"
(1982).
Urso de Ouro no
Festival de Berlim, por "La Notte" (1961).
Prémio FIPRESCI
em 1961, no Festival de Berlim, em reconhecimento à sua carreira no cinema.
Leão de Ouro no
Festival de Veneza, por "Il Deserto Rosso" (1964).
Leão de Prata no
Festival de Veneza, por "As Amigas" (1955).
Duas vezes Prémio
FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Il Deserto Rosso" (1964) e
"Par Dela Les Nuages" (1995).
Leão de Ouro
honorário no Festival de Veneza, em 1983.
Grand Prix
Especial das Américas, no Festival de Montreal, em 1995.
Prémio FIPRESCI
de Curta-Metragem no Festival de Valladolid, por "Lo Sguardo di
Michelangelo" (2004).
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